Metodologia LIFE de
Negócios e Biodiversidade
A Metodologia LIFE de Negócios e Biodiversidade é um instrumento que possibilita uma análise clara e objetiva da pressão, dos impactos (positivos e negativos), dos riscos, dependências e oportunidades na relação do negócio com a biodiversidade.
Aplicada através do software LIFE Key, ela oferece métricas que permitem que as organizações avaliem e monitorem, de forma quantitativa e qualitativa, seu desempenho em relação à biodiversidade. Desta forma, sua aplicação orienta estrategicamente as organizações para que a escolha e os investimentos nas ações de conservação que desenvolvem sejam mais eficazes e eficientes.
A implementação da Metodologia LIFE de Negócios e Biodiversidade permite que as empresas respondam a diversas iniciativas corporativas:
- TNFD
- Kunming-Montreal Global Biodiversity Framework (CBD/ONU): Targets 15, 18 and 19
- DJSI: Annual Corporate Sustainability Assessment (CSA) Questionnaire Biodiversity Exposure & Assessment (2.6.2)
- CDP – Climate Change 2023 Questionnaire (C15 Biodiversity)
- GRI – tópicos relacionados à biodiversidade
- ODS- aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis relacionados diretamente com a integridade da biosfera, entre outras iniciativas.
Como Surgiu a Metodologia LIFE
Aproximadamente 40% da economia mundial se baseia em produtos provenientes da natureza ou seus processos ecológicos.
Todas as organizações, independentemente do porte ou setor de atuação, impactam de alguma forma o ecossistema, seja pelo uso de matérias primas, água e energia, pela emissão de gases e geração de resíduos, pela área ocupada ou seja pelas mudanças no uso do solo.
Ao mesmo tempo, as organizações também dependem dos serviços fornecidos pela natureza, como o ciclo da água, regulação do clima, fornecimento de matéria prima e a regulação da qualidade do ar, por exemplo.
Devido a esta dupla relação de impacto e dependência, o equilíbrio e manutenção dos ecossistemas e a conservação da biodiversidade podem representar tanto um risco para os negócios, como uma oportunidade de investir em uma ação estratégica diferenciada. Reverter as altas taxas de destruição da natureza é uma necessidade urgente e deveria ser uma das prioridades em todas as organizações.
O processo de desenvolvimento da metodologia foi iniciado em 2009, quando um grupo de especialistas, técnicos, consultores, gestores empresariais, representantes do governo, da academia e da sociedade civil trabalharam desenvolvimento de um sistema que considerava:
- A conservação da biodiversidade como ação voluntária;
- A necessidade de um desempenho em conservação compatível com os impactos potenciais à biodiversidade e à capacidade de investimento, visando fomentar o engajamento dos empreendimentos de todos os setores da economia;
- A objetividade através da quantificação de impactos e pontuação das ações de conservação da natureza a partir de critérios técnicos e cientificamente reconhecidos;
Este processo envolveu mais de 50 especialistas e 150 organizações em reuniões públicas, reuniões técnicas e auditorias-piloto, tendo início a partir de uma ampla pesquisa em nível internacional (Benchmarking) sobre as ações já realizadas neste sentido.
Em 2008, antes mesmo da criação do Instituto LIFE, uma ampla e extensiva pesquisa foi realizada no sentido de garantir a inovação do mecanismo a ser desenvolvido, com foco em ações de conservação da natureza, aplicável a todo o setor empresarial, independentemente de porte ou ramo de atividade das organizações, e ao mesmo tempo diferenciando o desempenho requerido em função das especificidades de cada negócio.
Para o desenvolvimento da metodologia, foram realizados vários processos de consulta a stakeholders, como: reuniões públicas com ONGs, academia, governos e empresas; reuniões técnicas com diversos especialistas das áreas de gestão ambiental e de conservação da natureza; disponibilização de documentos e informações via website; criação de um Comitê Técnico Científico; e criação de uma Comissão Técnica Permanente.
O teste e o aprimoramento da metodologia para o lançamento de sua Versão 1.0 contou ainda com avaliações in loco realizadas em organizações de distintos portes e setores localizadas em diferentes biomas. Essas avaliações foram realizadas por uma equipe com ampla experiência.
Como Funciona a Metodologia LIFE
A Metodologia LIFE de Negócios e Biodiversidade é um instrumento que possibilita uma análise clara e objetiva da pressão, dos impactos (positivos e negativos), dos riscos, dependências e oportunidades na relação do negócio com a biodiversidade.
Aplicada através do software LIFE Key, ela oferece métricas que permitem que as organizações avaliem e monitorem, de forma quantitativa e qualitativa, seu desempenho em relação à biodiversidade. Desta forma, sua aplicação orienta estrategicamente as organizações para que a escolha e os investimentos nas ações de conservação que desenvolvem sejam mais eficazes e eficientes.
A Metodologia LIFE apresenta três passos que se interrelacionam:
Com a aplicação da primeira etapa da Metodologia LIFE de Negócios e Biodiversidade, as organizações realizam um diagnóstico da sua gestão da biodiversidade.
Nesta etapa, é feita a avaliação inicial do sistema de gestão e das operações comerciais da empresa. E para entender o contexto onde o negócio está inserido, é feita a caracterização da paisagem, com a identificação da(s) ecorregião(ões), da região hidrográfica, das prioridades de conservação e das espécies de flora e fauna ameaçadas. Paralelamente, são identificadas as ações de conservação já implementadas pela organização.
O sistema de gestão da organização é avaliado de acordo com o Padrão LIFE de Negócios e Biodiversidade, que apresenta Princípios, Critérios e indicadores de gestão, aplicáveis de acordo com o setor e tipo de operação do negócio. Para ter acesso aos documentos do Padrão e das Premissas LIFE que o embasaram.
A avaliação da efetividade das ações de conservação já implementadas pelas organizações segue diretrizes que consideram tanto as prioridades nacionais e internacionais de conservação da biodiversidade como a efetividade das ações realizadas. As informações sobre essas prioridades se encontram atualizadas e sistematizadas.
O Sistema de pontuação das ações de conservação prioriza iniciativas com maior potencial de manutenção dos serviços ecossistêmicos e de conservação da biodiversidade em um menor espaço de tempo.
Por exemplo, ações para criação e proteção de áreas protegidas legalmente decretadas (denominadas, no Brasil, de Unidades de Conservação) garantem um retorno direto e efetivo para a manutenção dos serviços da natureza, portanto pontuam mais que ações realizadas com foco na proteção de uma única espécie. Maiores detalhes sobre esse sistema de pontuação podem ser encontrados.
Na segunda etapa avalia-se a pressão exercida pelas atividades da organização. É calculado o Índice de Pressão à Biodiversidade (IPB), que considera aspectos ambientais como consumo de energia e água, geração de resíduos, emissão dos gases de efeito estufa e índice de uso do solo, considerando tanto sua quantidade quanto sua severidade.
O IPB é um índice, numa escala de 0 a 1000, que permite comparabilidade tanto entre unidades dentro da mesma organização, como entre diferentes organizações e setores de atividades.
Paralelamente, os impactos, dependências, riscos e oportunidades da relação do negócio com a biodiversidade são avaliados por meio da Matriz LIFE de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos.
Depois de levantadas todas essas informações, a metodologia calcula o desempenho mínimo necessário em ações de conservação para compensar o impacto causado pelo uso dos recursos naturais.
Mais informações sobre como se dá esse cálculo estão disponíveis aqui.
Um dos primeiros passos do desenvolvimento da Metodologia foi a criação de uma equipe multidisciplinar de especialistas, biólogos, matemáticos, engenheiros e gestores ambientais, que, através de um trabalho complexo e integrado, desenvolveram a Metodologia LIFE.